segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Um texto pra vida toda

Olá galerinha apaixonada pela leitura. Tenho falar pra vocês que animei um pouco mais para escrever-lhes novamente, torçam para que seja sempre assim.

O post de hoje foi inspirado num texto da Marina Colassanti que a minha querida e inesquecível professora, e diga-se de passagem professora de Filosofia, com quem aprendi a amar esse mundo filosófico. Ela indicou o meu blog pelo nome tão diferente Sobretudo, nada a um amigo seu que parece ser um filósofo também (pelos comentários logo percebi). Na minha felicidade comentei agradecendo a professora por ter indicado e logo me lembrei que guardo até hoje um texto que ela nos passou na sala de aula (acho que foi no 3º ano do Ensino Médio). O texto tem como título 'Eu sei, mas não devia'.

Ao comentar isso com a professora senti uma vontade de escrever sobre este texto dizendo o quanto foi marcante para mim e o motivo de tê-lo comigo até hoje.

Bom antes disso farei um resuminho do texto 'Eu sei, mas não devia'.

A Marina começa com a seguinte frase: "Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia". O texto segue uma série de coisas e momentos dos quais nos acostumamos a fazer, mas que muitas delas perderam a graça ao longo da vida, outras foram deixadas de ser feitas, pois surgiram formas mais fáceis de fazer, outras foram tiradas da nossa vida simplesmente porque a cultura e a sociedade mudaram.

É o que ela fala logo a seguir: "A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora". E ela segue explicando que morar em um apartamento e não ter para onde olhar faz com que fechamos mais nossas janelas impedindo a entrada de luz natural fazendo com que tenhamos que acender as luzes mais cedo. Isso vai ficando tão natural que logo nem percebemos o quão bonito está o dia ensolarado, o quão linda está a lua, o quanto o céu está estrelado. Já não vemos mais a beleza da vida natural por nossas janelas enquanto que tempos atrás era comum encontrar as pessoas contemplando a vista paradas em suas janelas, de dentro de suas casas tão próximas do chão que contêm as mais lindas arvores, pássaros e tudo mais.

Ela prossegue falando as diversas coisas que nos acostumamos e não percebemos e por conta de tais coisas a vida vai perdendo em si mesma como ela coloca a última frase.

Eu sempre me pego pensando no quanto me acostumei com tantas coisas e que eu vivia muito bem sem elas e que por mais que me são úteis hoje, anos atrás não faziam a menor diferença para mim e eu não morri, não sofri, não perdi muito por estar sem elas. Na verdade, mesmo que com 20 anos de idade eu vivi muito bem sem celular, sem internet, sem anúncios e comerciais, sem muito do que hoje muitos dizem não saber viver sem. Mas se eu for tentar tirar esse muito da minha vida, não será nenhum pouco fácil.

Uma coisa que a Marina traz no texto é o fato de nos acostumarmos até com que nos faz mal para a saúde. Ao ar poluído, ao cheiro do cigarro, à luz artificial, às bactérias da água potável e ao mar contaminado. Nós nos acostumamos sem querer, sem ter opção, sem porém, pelo simples fato de que quase tudo o que temos é isso.

Ela retrata também que acostumamos com a não ouvir os pássaros, a não ouvir galo de madrugada, a ter medo de cães, a não comer as frutas direto do pé e não ter uma planta sequer. E isso foi a parte mais marcante pra mim, pois sou uma pessoa que gosta muito do campo e da vida no campo. Nasci numa pequena cidade interiorana e muito pacata na época e até hoje não é uma grande cidade e ainda predomina as grandes fazendas, os pequenos sitiantes, e as idas aos rios que lá tem. Cresci passando todas as minhas férias em Rio Branco - MT e minha vida foi essa de subir nos pés de frutas, de tomar banho nos rios, de ouvir os pássaros, de ir para sítios e eu amava tudo isso. E hoje eu percebo o quanto me faz falta tudo isso e eu já me apeguei às coisas da cidade grande.

Me pego refletindo muitas vezes o fato de estar deixando tudo isso de lado pela comodidade de todo dia que tenho na cidade onde vivo, Cáceres - MT, que não tem tudo o que uma metrópole tem, mas é uma cidade grande e bastante desenvolvida. Mas faz muita diferença, pois uma coisa é quando eu estou acostumada e outra coisa é quando eu sei que me acostumei, pois nada do que eu fizer vai estar bom ou vai me fazer ter a sensação da vida simples de anos atrás. Eu sei, mas não devia ser assim... Eu sei, mas não devia saber... Eu sei que me acostumei, mas não devia ter acostumado... Eu sei, mas não devia.

Assim como os pássaros que aprisionamos nas gaiolas,
nós somos aprisionados em nossas cidades de pedra,
tecnologias e modernidades
que nos tiram a liberdade e brilho de vida.
Esse foi o post de hoje pessoal. E aí o que vocês pensam sobre isso. Tem lembranças de anos atrás quando a vida era diferente do que está hoje com todas as facilidades e costumes?? Conte pra mim, quero saber se vocês pensam da mesma forma que eu ou gostam de tudo como está hoje.

Nos vemos aqui nos comentários e nos próximos posts.
Fiquem com Deus,
Beijos.

4 comentários:

  1. Você me fez lembrar de um fato inusitado em minha ida dias atrás. Ao chegar em casa exausta do trabalho, esqueci-me de fazer um dos muitos cuidados que temos todos os dias por precaução e medo da violência de cada dia: fechar a janela do meu quarto. E surpreendentemente acordei com a canção de um sabiá laranjeira (conforme informação de minha mãe). Disse a ela que ele resolveu cantar bem pertinho da janela, e ela me disse que não. Que ele cantou da árvore mesmo assim como todos os dias ele fazia, mas que eu havia percebido apenas porque havia esquecido de fechar a janela. Enfim, os afazeres diários e mecânicos nos furtam as belezas de cada dia, temos que nos policiar para não perder o brilho e a capacidade de observar e espantar pelas coisas maravilhosas que existem em nossa vida.
    Linda interpretação e belo post Maxielly, isso só faz aumentar minha admiração por você. Parabéns!

    Professora Elina

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    1. Obrigada professora Elina. O esquecimento lhe causou uma grande surpresa ein. Eu me pego em situações semelhantes alguma vezes e com vários elementos da natureza, plantas que observava e por estar muito atarefada eu não via a muito tempo e de repente ela está lá toda florida e eu não vi os botões, o canto dos pássaros todos os dias que viram uma especie de trilha sonora e com o tempo nem se percebe mais, enfim. Mas o momento que paramos para perceber isso é surpreendente descobrir que ainda aprecio tudo isso.

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  2. "Dentro das filosofias
    Dos confúcios galponeiros
    Domadores, carreteiros
    Que escutei nas noites frias
    Acho que a fieira dos dias
    Não vale a pena contar
    E chego mesmo a pensar
    Olhando o largo, perto
    Que a vida é um crédito aberto
    Que é preciso utilizar." . trecho do poema "tempo" Pajador J.C,B

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    1. Meu amigo Erivaldo quanta eloquência neste poema porque deixar a vida um crédito aberto?? A vida tornou-se uma fieira sim, mas ainda tem sua belezas.

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